A infidelidade nos relacionamentos afetivos: suas possíveis consequências, pelos vieses da ética e da religião, para casais - Terapeuta de Casal
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A infidelidade nos relacionamentos afetivos: suas possíveis consequências, pelos vieses da ética e da religião, para casais

A infidelidade nos relacionamentos afetivos: suas possíveis consequências, pelos vieses da ética e da religião, para casais

Por Simone Basílio dos Santos - CBO 2515-50 – RNTP: 4371032

O que se entende por infidelidade e quais as suas possíveis causas e consequências para os casais, tanto no viés ético quanto no religioso.

Em geral, quando se fala de relacionamento romântico-afetivo, a infidelidade pode ser definida como a entrada de mais uma pessoa na relação – seja de forma sexual e/ou emocional –, proporcionada por uma das partes que compõem o casal (ou trisal etc.). No entanto, o conceito de infidelidade me parece mais amplo do que este, ou mais discutível. Isto porque, de fato, tudo vai depender dos acordos feitos (ou não feitos) entre as partes envolvidas na relação, seja no início ou no decorrer do tempo em que se encontrarem juntas, já que nada deve impedir que as bases de qualquer relacionamento possam ser revistas, independentemente do momento em que o casal se encontre.

Portanto, seja um casal monogâmico ou não, é aconselhável que tudo aquilo que as partes terão liberdade (ou não) para fazer – nesse caso, as relações paralelas que poderão (ou não) vir a ter – seja trazido à luz e pactuado – de preferência, no início do relacionamento. Deste modo, sempre que tal acordo for violado, daí sim, resultará a infidelidade, o que muito provavelmente poderá, sim, acarretar ao(à) parceiro(a) traído(a) algum tipo de sofrimento, decepção e até mesmo sentimentos bem mais perigosos, tais como o desejo de vingança, entre outros.

Então, e quando não houver esse pacto? Poderemos dizer, em termos de ética, que uma ou outra parte será infiel quando os modelos de comportamento a serem seguidos não forem estabelecidos em nenhum momento anterior à dita traição? Haverá lugar para o sofrimento ou algum sentimento afim quando os critérios não forem definidos? Quando uma relação não é "oficializada" ou "assumida", por exemplo, quais são os parâmetros que definem o que pode e o que não pode ser feito?

O filósofo Leandro Karnal* afirma que a fidelidade é um dado cultural, e a biologia dos mamíferos, não. Sendo assim, as perguntas acima podem ser interessantes para casais analisandos e seus(suas) terapeutas.

Diante disso, especificamente em relação às possíveis consequências da infidelidade no que diz respeito aos deveres religiosos, creio que tudo também dependerá dos modelos vigentes no contexto em que o casal estiver inserido.

Por exemplo, quanto às religiões de matriz africana, é de conhecimento popular que a infidelidade representa uma covardia e leva desonra a quem a comete. Podemos dizer, ainda, que, em complemento a essa ideia, nas sociedades judaico-cristãs, a castidade (ausência de relações sexuais fora do casamento) é classificada como uma das sete virtudes, sendo defendida como uma oposição ao pecado mortal da luxúria. Ou seja, o contrário (adultério) é condenável, digno de sanções, tais como a proibição, ao(à) traidor(a) (quando descoberto/a, vale ressaltar), de participar do sacramento da eucaristia e da santa ceia, o que, consequentemente, o excluiria do convívio com Deus, isto representando aquilo que um cristão mais deveria evitar.

Deste modo, e por fim, na maioria dos casos, ouso dizer que a dimensão religiosa, para quem a valoriza, mais do que os aspectos éticos, é a que mais pesa na hora de um(a) parceiro(a) optar por ser ou não infiel em seu casamento.