Autoconhecimento como base para relacionamentos saudáveis - Terapeuta de Casal
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Autoconhecimento como base para relacionamentos saudáveis

Autoconhecimento como base para relacionamentos saudáveis

por Cristiane Silva da Hora - CRP 07/35855

Vivemos uma busca quase que sem fim por um relacionamento que seja como nos filmes de romance, onde os personagens principais têm encontros e desencontros e no final vem o tão sonhado "felizes para sempre". O que não nos mostram é uma continuação destes filmes, pois perderia a graça e não geraria grandes sucessos de bilheteria. Assim como nos contos de fadas, que tudo termina quando fica bem e... também não tem as "cenas dos próximos acontecimentos". Não estou dizendo com isso que relacionamentos saudáveis não existem ou que estamos fadadas a nos contentarmos e aceitar migalhas para estarmos em um relacionamento, muito pelo contrário. Quero deixar aqui uma reflexão sobre como nos relacionamos.

Não aprendemos a nos relacionar de forma saudável, muitas vezes nem sabemos como é isso. Vamos reproduzindo modelos, sejam dos nossos pais, cuidadores e até das experiências com nossos ex(s) namorados e parceiros, mas, convenhamos, se o relacionamento anterior fosse bom não teria o status de "ex".

Quando digo que o relacionamento mais importante é com a gente mesmo, não estou dizendo que temos que ser egoístas, só aceitar as coisas do nosso jeito e se não for dessa forma não queremos. Isso seria humanamente impossível, pois iriamos querer uma cópia nossa, e acho sinceramente que não nos aguentaríamos por muito tempo.

Brincadeiras à parte, precisamos primeiro saber quem somos, quais nossos valores, objetivos, sonhos. O que esperamos de um parceiro? O que é um relacionamento? Quero ter filhos? Mudar de país? São muitos os questionamentos que precisam partir de nós a resposta. Não podemos estar em um relacionamento que traz sofrimento porque algumas pessoas, por mais importante que sejam para nós, dizem que é assim mesmo, ou que precisemos exercer o papel de mães de nossos parceiros e, ainda ouvir que se formos muito exigentes acabaremos ficando sozinhas. Não vou entrar nesta questão sobre "ficar sozinha", deixemos para outra hora.

Quando aprendemos a nos relacionar com a gente mesmo, começamos a respeitar os nossos limites, descobrimos os nossos valores, validamos nossos sentimentos. Quando respeitamos quem somos, com todas as nossas qualidades e defeitos, conseguimos entender que não existem pessoas certas ou erradas, mas sim pessoas com valores diferentes. Não podemos mais viver no mito do amor romântico, onde ainda estamos à espera do príncipe encantado, que vai nos amar e nos respeitar, entender nossas necessidades e suprir todas elas. Que estará sempre com um sorriso no rosto, disposto a fazer tudo para nos ver feliz, que adivinha nossos pensamentos e antecipa nossos desejos. Que não tem defeitos, que fala tudo que a gente quer ouvir, que não discute, não argumenta maaaassss... quando ele faz isso a culpa é nossa e por isso de vez em quando nos humilha, grita, xinga, compara... entre outras coisas que muitos príncipes por aí andam fazendo. Mas o que mais me deixa triste e pensativa na realidade não é eles fazerem e sim muitas de nós aceitarmos na esperança que eles mudem, ou por achar que homem é assim, relacionamentos são assim ou por qualquer outro motivo.

E é por isso a importância de sabermos quem somos, livre de julgamentos e opiniões externas. Quando conseguimos entender que não existe certo e errado, mas aquilo que faz sentido para nós, que está de acordo com nossa essência e nossos valores, conseguimos impor limites e ter mais segurança para fazer escolhas. E que se, de acordo com o que NÓS julgamos e queremos, o relacionamento está causando sofrimento a ponto de questionar quem somos, não ficaremos nele porque todos dizem que é assim, que é normal. Teremos parâmetros para questionar, argumentar e sair se assim desejarmos. Quando temos um bom relacionamento conosco, somos capazes de perceber quando algumas relações estão passando dos nossos limites aceitáveis e então teremos autonomia para decidir se queremos ou não estar nessa relação. Não ficaremos a espera que o outro mude se suas atitudes não demonstram que ele quer mudar, pois se para ele não está errado ou desconfortável, ele pode até mudar, mas não vai manter esta mudança e então os ciclos recomeçam. Dói sair? Muito. Mas pode ter certeza de que a dor de ficar será maior.

Não podemos mudar a história de nossas ancestrais, mas se não fizer sentido para a nossa vida, podemos sim fazer diferente. É um processo, mas é possível.

Cristiane Silva da Hora

Psicóloga clínica dedicada em auxiliar pessoas a construírem relacionamentos saudáveis, tanto em nível individual como nas dinâmicas de casai. Acredito profundamente que o relacionamento fundamental é aquele que estabelecemos com nós mesmos. É através dessa compreensão interna autentica que podemos cultivar conexões verdadeiras com os outros. Minha missão é ajudar meus clientes a alcançarem o equilíbrio emocional e a encontrar significado em suas vidas. Acredito que antes de nos relacionarmos de forma saudável com os outros, precisamos ter uma consciência clara de quem somos e nutrir um relacionamento positivo e equilibrado conosco. É a partir desse ponto de partida que podemos criar bases sólidas para relacionamentos gratificantes e duradouros. Com experiência em áreas essenciais como autoestima, terapia de casal, relacionamentos, relacionamentos abusivos, dependência emocional, terapia com vítimas de abusadores e violência doméstica.