Liderança não é sinônimo de gritaria - A liderança na conjugalidade - Terapeuta de Casal
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Liderança não é sinônimo de gritaria - A liderança na conjugalidade

Liderança não é sinônimo de gritaria - A liderança na conjugalidade

por Ester Maria Cabral - CRP 23/1766

Entendemos o termo liderança, como o processo da influência que se tem sobre as outras pessoas, incentivando-as de modo a trabalharem com entusiasmo por um objetivo comum[1].   No âmbito da conjugalidade, a liderança refere-se à dinâmica presente em um relacionamento romântico ou matrimonial, onde os parceiros desempenham papéis de liderança e seguidor em diferentes momentos e situações[2]. Ao contrário da tradicional ideia de liderança em contextos profissionais, a liderança na conjugalidade é mais fluida e interdependente, envolvendo uma colaboração constante entre os parceiros para tomar decisões, resolver conflitos e alcançar objetivos comuns.

Nas famílias patriarcais, o homem era o líder supremo que impunha sua vontade sobre a mulher e os filhos, e exercia essa "liderança" de forma autoritária, fazendo com que os outros componentes da família o seguissem por medo, sem poder expressar o que realmente pensavam.

 Pensando na conjugalidade hoje, de quem é a liderança? Como os casais se organizam para exercerem suas funções e como essas funções são definidas dentro do sistema conjugal? Muitos casais se desorganizam emocionalmente por não entenderem os papeis que cada um deve exercer na relação em determinados momentos e passam a competir gerando mal-estar e conflitos.

Para Alvarenga (1996)[3], o sujeito sempre buscará no outro o reconhecimento, sendo assim, na relação conjugal há uma expectativa de que cada parceiro reafirme a imagem que o outro tem de si mesmo [...] 

Alguns aspectos do conceito de liderança na conjugalidade são importantes de serem observados:  Em primeiro lugar, é importante que o casal tenha a oportunidade de assumir papeis de liderança em diferentes situações, numa abordagem colaborativa e não competitiva entendendo as competências individuais de cada um a serviço da relação. De igual forma, a comunicação aberta e eficaz está fortemente ligada a uma liderança suave na conjugalidade. Os parceiros que possuem uma comunicação aberta podem expressar suas opiniões livremente, sem julgamentos, ouvir de forma atenciosa e tomar decisões em comum acordo.

A liderança na conjugalidade também deve se basear no respeito mútuo entre os parceiros, reconhecendo e valorizando as contribuições de cada um, entendendo que o respeito mútuo requer equilíbrio de poder, pois embora os papeis possam variar, um relacionamento saudável busca um equilíbrio de poder evitando reações autoritárias ou dominadoras.

Finalmente entendemos que a liderança na conjugalidade só é possível existir num ambiente colaborativo, com uma comunicação aberta e com respeito mútuo, onde os parceiros possam se apoiar mutuamente ao enfrentarem os desafios da vida relacional buscando o crescimento pessoal e conjugal, logo, Liderança na vida conjugal não é gritaria, muito menos silêncio, mas é um processo colaborativo onde os parceiros se completam em favor da relação.

 
  • [2] NEVES, A. S.; DIAS, A. S. F.; PARAVIDINI, J. L. L.. A psicodinâmica conjugal e a contemporaneidade. Psicologia Clínica, v. 25, n. 2, p. 73–

87, jan. 2013.

  • [3] Alvarenga, L. (1996). Uma leitura psicanalítica do laço conjugal. In T. Féres-Carneiro (Ed.), Relação amorosa, casamento, separação e terapia de casal (pp. 25-36). Rio de Janeiro: Anpepp.

 

Ester Maria Cabral

Sou psicóloga com especialização em Terapia Familiar e de Casal Sistêmica e especialista em Saúde Mental. Faço atendimentos individuais, de casais e de familia com os recursos e o olhar sistêmico, auxiliando-os a se conectarem consigo mesmo e com outros entendendo as formas de se relacionarem e de se comunicarem de maneira acertiva.