O que você precisa saber sobre relações de gênero - Terapeuta de Casal
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O que você precisa saber sobre relações de gênero

O que você precisa saber sobre relações de gênero

por Tatiana Perez - CRP 07/26032

"O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas de gênero."
Chimamanda Ngozi Adichie - Sejamos todos feministas

Quando nascemos, com base em nossa genitália, nosso sexo biológico é classificado como "masculino", "feminino" ou "hermafrodita" (com a possibilidade de "definição" cirúrgica futura). Por si só essa classificação não deveria definir quem somos, apenas ser parte de quem somos. Porém, as expectativas de gênero construídas em nossa sociedade projeta papéis a essa classificação.

Papéis de gênero são padrões de comportamento masculino e feminino esperados pela sociedade. São esses que definem o que seria "coisa de menino" e "coisa de menina". Nos divide logo ao nascer. O vídeo abaixo, da página JÁ FALOU PARA O SEU MENINO HOJE?, nos ajuda a entender melhor essa questão

Como você viu no vídeo, os papéis de gênero acabam por estabelecer relações de gênero, que em geral são desiguais. Diferenciar o que homens podem fazer do que mulheres podem fazer cria uma relação de poder que estimula desigualdade. Instaura a ideia de que um deve ser superior ao outro, enquanto somos todos iguais como seres humanos e todos únicos como indivíduos. Criar diferenças padrões acaba também por reprimir a individualidade de cada um e dificultar o desenvolvimento de habilidades necessárias a todos. Por exemplo: muitos homens quando vão morar sozinhos tem dificuldade em realizar as tarefas domésticas e vivem em casas imundas com a justificativa de que "limpar é coisa de mulher". Da mesma forma, muitas mulheres tem dificuldade em dizer não e em demonstrar raiva, pois foram ensinadas que "se impor é coisa de menino". Tais dificuldades geralmente são inconscientes. Não nos damos conta de que agimos dessa ou daquela forma por ser algo esperado pela sociedade.

A questão é que muitas coisas não nos foram permitidas ou ensinadas por sermos meninos ou por sermos meninas. E acabamos por construir nossa identidade de gênero com base em crenças disfuncionais e desigualitárias. Aprender uma nova habilidade atreladas a essas crenças requer esforço e diferenciação. E o caminho da diferenciação (saber distinguir o que é nosso e o que é dos outros) requer autoconhecimento, conexão com as emoções, empoderamento.

Alguns ainda pensarão "se meu filho homem brincar de boneca, será gay" ou "se minha filha mulher brinca de carrinho, será lésbica". Esse é um mito. Orientação sexual se refere a quem a pessoa destina seu desejo afetivo-sexual. A quem a pessoa tem vontade de estar junto, beijar, transar, etc. E desejo não vem colado ao sexo biológico ou à identidade de gênero. Por exemplo: uma pessoa pode nascer com o sexo "masculino", se identificar como homem, exercer papéis independentes de gênero e sentir atração por homens e/ou mulheres. Além disso, brincar de bonecas, por exemplo, poderá ensinar a um menino, assim como acaba por ensinar a uma menina, a ser um excelente pai no futuro, pois estimula a habilidade do cuidado parental - independente da orientação sexual. Da mesma forma que brincar com carrinhos estimula a coordenação motora.

Ainda, estudos apontam que as crianças são mais capazes de desenvolver seus potenciais quando menos limitadas por restrições rígidas de gênero, cultura ou papel de classe. Nascemos sem preconceitos, mas ao longo da vida somos ensinados como se encaixar na sociedade.

Para além da educação das crianças, refletir sobre relações de gênero também é importante na vida adulta. Como adultos, precisamos desenvolver a capacidade de questionar quais crenças são saudáveis e quais causam sofrimento ou desigualdade, seja para mim ou para o outro.

Se para você essas definições ainda são confusas, o infográfico abaixo pode ajudar:

O que você precisa saber sobre questões de gênero

 

 

Tatiana Perez

Psicóloga CRP 07/26032 com Especialização em Terapia Sistêmico-Cognitivo de Famílias e Casais. Tem como missão auxiliar pessoas e casais a descobrirem e se conectarem com sua forma de amar. Hoje realiza sua missão através dos atendimentos clínicos online a adultos e casais e também através da capacitação Ser Terapeuta de Casal que educa e empodera psicólogas no atendimento com casais. Luta por um mundo em que a diversidade seja reconhecida para que todos possam receber atenção, acolhimento e atendimento qualificado. Idealizadora deste site de indicações e supervisora das psicólogas/os nele cadastradas/os.