Perder o desejo pela parceria é sinal de fim do amor? - Terapeuta de Casal
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Perder o desejo pela parceria é sinal de fim do amor?

Perder o desejo pela parceria é sinal de fim do amor?

por Aluízio Andrade - CRP 05/56711

Para muitas pessoas, o que difere uma amizade de uma relação amorosa é a relação sexual. Algumas pessoas se identificam como assexuais, em que a relação sexual não necessariamente é desejada, outras pessoas identificam a relação sexual como este parâmetro que diferencia amizade e amor ou mesmo atração. Mas quando o desejo desaparece, acabou o amor?

O desejo sexual é geralmente motivado pela novidade e ela pode vir por meio inclusive do que a gente imagina. Existe uma ideia de um desejo espontâneo e este de fato existe, porém não é a única forma de desejo. Para os primeiros encontros com alguém, você provavelmente trocava mensagens (ou mesmo ligações) curiosas e apaixonadas ao longo dos dias anteriores ao encontro. Ficava imaginando como seria este encontro e se perdia um pouco nestes pensamentos. Para além disso, no início da relação, você provavelmente tomava um banho atencioso, escolhia a melhor roupa para aquele encontro, o melhor perfume. Tomava diversos cuidados para chegar bem neste encontro. Havia uma surpresa para apresentar ao outro. Além disso, suas conversas provavelmente não incluíam rotinas ou problemas domésticos, ou mesmo seu chefe chato. Você queria saber mais da pessoa a sua frente. E, claro, queria mostrar seu melhor lado para ela.

Isso aqui, de forma um pouco exagerada (,mas nem tanto para os apaixonados de plantão) indica que havia um envolvimento muito grande para o encontro com o outro. E, veja só, o encontro físico nem havia acontecido, mas vocês já estavam envolvidos nele. A imaginação já estava ativada e o interesse era enorme. Não foi algo exatamente improvisado, mas veja que aqui o seu desejo era cultivado antes mesmo do encontro. Você pode me dizer que fazia isso porque você tinha desejo e foi exatamente isso que acabou, mas aqui já te mostrei que havia uma ilusão de que tudo era simples, improvisado e descompromissado, não é? Além disso, a questão é que as pessoas não sabem como o seu desejo surge.

Quando este desejo desaparece da vida do casal ou de uma das pessoas da parceria, entra-se num conflito quanto à própria relação. Se não há desejo, então acabou a relação!

Essa é uma ideia, um mito sexual. Há casais que não fazem sexo por opção e isso não os traz incômodo. Por isso, cabe aqui investigar sua história pessoal e descobrir como amor e sexo se entrelaçam por meio dela. Seriam amor e sexo a mesma coisa? Seria amor conjugal e sexo a mesma coisa? Amar seria ter desejo 24 horas por dia pela outra pessoa? Por outro lado, se sexo não for algo importante para sua relação no momento, cabe acolher seus desejos para esta relação.

Essas perguntas ajudam a nortear como sexo e amor conjugal estão em sua vida. Cabe se aprofundar também na sua própria história sexual, na história do seu desejo e a história do desejo do casal.  Podemos acrescentar aqui que pessoas que se amam podem enfrentar dificuldades de desejo. Isso ocorrer por entenderem este desejo espontâneo como a única forma de desejo. Nisso, os casais ficam esperando que o desejo apareça para se engajar numa relação sexual. Entretanto há pesquisas voltadas ao estudo do sexo que indicam que nem sempre o início da relação sexual seria pelo desejo. O convite para a relação sexual pode acontecer num momento de neutralidade sexual e a partir disso a interação se iniciar. Este se trata do desejo responsivo.

Este desejo não surge de forma espontânea, mas é cultivado na relação amorosa. Assim para se engajar numa relação sexual, não seria necessário um desejo prévio, mas situações e comportamentos que vão sendo cultivados ao longo da relação. Essas situações trazem disposição para entrar num jogo sexual. Mas quando falo de situações e comportamentos, cabe pensar na relação em si, no que os aproxima como casal, como se interessam um pelo outro e mesmo na dinâmica de vida do casal, no stress, no tempo que o casal possui para estar juntos e mesmo nas próprias necessidades do casal.

Ao identificar as reais necessidades do casal, vocês podem fazer escolhas que os satisfaçam como casal e como indivíduos.

Aluízio Andrade

Psicólogo clínico, gestalt terapeuta, terapeuta sexual e terapeuta individual, de casais e família.

Auxilio a pessoa a identificar sua forma de se relacionar consigo, com seus desejos e com os outros, para fazer escolhas que lhe façam bem.

Na terapia individual, atuo com demandas de relacionamentos, autoestima, sexualidade e monogamia/não monogamia.

Na terapia de casal e família, atuo com demandas de sexualidade e conflitos a fim de promover uma vida mais autêntica e saudável.

Atendo em português e espanhol.