Qual a melhor hora? - Terapeuta de Casal
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Qual a melhor hora?

Qual a melhor hora?

por Aluízio Andrade - CRP 05/56711

Essa pergunta é muito recorrente nos consultórios. Qual seria a melhor hora para alguma coisa?

Acho que você, assim como eu, aprendeu que a vida possui fases como infância, adolescência, adulta, velhice. E algumas coisas seriam esperadas nessas fases, inclusive haveria o momento de "namorar".

Essa vida de fases tem sido reforçada com a forma como apreendemos a vida. Afinal, você devia estudar para fazer vestibular e depois cursar uma faculdade, para depois trabalhar, para depois encontrar alguém e construir a vida com esta pessoa, para depois ter um filho, para depois ter outro filho e assim por diante.

É uma forma sofisticada do nascer, crescer, se reproduzir e morrer, não é?

Parece que alguém criou um roteiro e disse que ele devia ser aplicado na sua vida. O problema é que esse alguém se esqueceu de combinar com a vida. Aqui parece termos aquele roteiro de vida bem estruturado que nos dá um certo controle, o mesmo controle que nos deixa angustiados em dois momentos da vida. São eles:

- Quando fizemos tudo do nosso roteiro de vida e não nos sentimos realizados, ou

- Quando uma das etapas não acontece, aparece antes ou depois da hora e não sabemos o que fazer, pois parece que nos faltou manual e eventualmente nos sentimos até errados por viver aquele momento.

Os relacionamentos aparecem frequentemente neste roteiro de vida. Tem uma etapa que você TEM que ter um relacionamento. E essa obrigatoriedade nos coloca em profunda angústia. Não ter um relacionamento aqui é sinônimo de fracasso, de não ser uma pessoa amada ou querida, ou mesmo ser uma pessoa incompetente. Esses significados vão se aprofundando em nós de tal forma e, por medo ou mesmo ansiedade de viver isto, as pessoas saem em busca de literalmente qualquer pessoa para se relacionar. E neste caminho, surgem pessoas que não tem nada em comum com você, mas ter o relacionamento é a prioridade.

Nesta busca incessante para cumprir com este roteiro que nos promete felicidade, nos deparamos com a infelicidade, pois perdemos de vista quem somos e mesmo a pessoa com quem nos relacionamos. É possível que em algum momento da vida, você se pergunte como se relacionou com alguém que não tinha nada em comum com você ou mesmo como se manteve num relacionamento que te fez tão mal.

Costumeiramente nestes casos a pessoa não consegue perceber que ela vive um roteiro que não lhe respeita. Por isso, que tal se conectar com suas verdadeiras necessidades, seus verdadeiros sentimentos?

Proponho a você, que lê estas linhas, que se conecte com este momento com sua realidade, com seus desejos agora. É a partir dessa conexão com você mesmo que será possível saber se é a hora ou não para se relacionar, se separar, ter filhos, ficar só, dentre outros desejos e necessidades da sua vida.

Veja bem, o problema não são as fases da vida, pois temos fases diferentes ao longo da vida, afinal não somos crianças eternamente. Também não é um problema da biologia que nos foi passada de forma equivocada. Nada disso. O problema é o roteiro pré-fabricado que não respeita suas verdadeiras necessidades. Priorize-se, identifique aquilo que realmente te satisfaz na vida e nos relacionamentos.

Aluízio Andrade

Psicólogo clínico, gestalt terapeuta, terapeuta sexual e terapeuta individual, de casais e família.

Auxilio a pessoa a identificar sua forma de se relacionar consigo, com seus desejos e com os outros, para fazer escolhas que lhe façam bem.

Na terapia individual, atuo com demandas de relacionamentos, autoestima, sexualidade e monogamia/não monogamia.

Na terapia de casal e família, atuo com demandas de sexualidade e conflitos a fim de promover uma vida mais autêntica e saudável.

Atendo em português e espanhol.