Relacionamentos, carnaval e ciúme

por Elisabete Soares do Nascimento - CTRH-BR 14730

Finalmente a maior festa de rua do planeta está de volta.

Após dois anos com as músicas e danças guardadas em casa, as cidades já vivem o clima de carnaval.

Esse clima de alegria, liberdade e fantasias de todos os tipos, representa para muitos casais um conflito: qual o espaço entre individualidade e conjugalidade? O que é permitido ou proibido? Os acordos relacionais podem ser flexibilizados para que dias sem regras ou limites sejam experimentados?

Em tempos de profundas mudanças nos contratos das relações, pode ser tentador pensar o carnaval como oportunidade de experimentar espaços de liberdade que não serão estendidos ao dia a dia do casal. Porém, para que essa experiência seja saudável e ao final não restem pierrots e colombinas sofrendo por amor, deixo para vocês três recomendações essenciais:

1. Diálogo – Se um casal decide abrir exceções no contrato da relação exclusivamente para viver o carnaval com escolhas individuais diferentes, são necessários acordos bem estruturados e firmados por ambos. Honestidade, assertividade e clareza são elementos essenciais desse diálogo.
    
2. O inegociável – Tenha clareza dos aspectos que são inegociáveis para você. Aceitar flexibilizações que contrariam seus valores apenas para atender as expectativas da parceria não resultará em um bom carnaval para você e provavelmente para a relação.
    
3. Utilize a balança de decisões – Se está na dúvida sobre quais limites realmente aceita flexibilizar em nome de um carnaval onde individualidade e conjugalidade sejam respeitadas te convido a utilizar uma ferramenta terapêutica simples, que torna os aspectos mais objetivos.

 

Faça uma linha dividindo uma folha de papel ao meio (ainda tenho vínculos com processos manuais, mas pode ser em qualquer recurso digital), de um lado coloque vantagens do SIM e vantagens do NÃO, do outro lado desvantagens do SIM e desvantagens do NÃO. Enumere da forma mais detalhada possível e sem julgamentos, tudo que você considera estar de um lado ou do outro da balança e reflita sobre qual lado tem peso maior para você. Pode convidar sua parceria para fazer o mesmo exercício separadamente e comparem os pontos coincidentes e divergentes, isso poderá ajudá-los na decisão. Mas lembre-se! Se não for possível um ponto satisfatório para ambos, volte ao item 2.

No centro dessas decisões, o casal irá lidar com o ciúme. Essa emoção despertada quando sentimos algum sinal de ameaça ao relacionamento, e muito bem definida pelo pesquisador Robert Leahy como "uma mistura de muitos sentimentos confusos e poderosos, como raiva, ansiedade, medo, confusão, excitação, impotência, desesperança e tristeza".

Por envolver esse misto emocional talvez sozinhos vocês não consigam estabelecer um acordo satisfatório e isso esteja trazendo transtornos para a relação. Ainda que seja para uma decisão pontual, vocês podem buscar ajuda de profissionais capacitadas para conduzi-los na melhor decisão.

Todo conflito é uma oportunidade para o casal perceber quais pontos a relação está pedindo mais atenção e essas recomendações podem te guiar o ano inteiro, em qualquer situação onde novos acordos precisem ser estabelecidos.

Carnaval é uma festa onde amores começam e terminam, escolhas conscientes podem definir o efeito de alguns dias para o resto do ano ou da história de uma relação.

Celebrem a vida, vistam suas fantasias e lembrem que "qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar".