Técnica para não brigar por causa de ciúme - Terapeuta de Casal
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Técnica para não brigar por causa de ciúme

Técnica para não brigar por causa de ciúme

por Rodrigo Daudt - RNTP 4452444

Quase três décadas atrás, quando eu era um adolescente de 17 anos, iniciei o primeiro namoro da minha vida, que acabou durando 6 anos. Ela era uma menina incrível com várias qualidades; era calma e sempre aberta ao diálogo. Em menos de um mês de namoro, acabei brigando duas vezes por ciúmes. Ela nem brigou de volta; eu que perturbei a relação com um sentimento que nunca tinha vivenciado.

Era muito pouco tempo de relação para duas brigas e eu percebi que minha namorada ficou abalada. Ela só tinha 15 anos e eu era o primeiro namorado dela. Quando eu me toquei que minhas atitudes poderiam estragar um relacionamento tão recente, fiquei inseguro e com medo de perder a "Princess". É... eu a chamava com esse apelido carinhoso e precisava, de qualquer jeito, parar de brigar com ela. Tive a sensação que seria desastroso se, em nosso próximo encontro, eu não controlasse meu ciúme e brigasse com ela. O que fazer!? Eu não sabia.

E então eu parei e pensei, pensei e pensei. Aos poucos, algumas ideias foram se encadeando: "Por que eu estava brigando com alguém que era uma princesa? Com alguém que não merecia aquilo? Com alguém que eu estava apaixonado? Não é legal pra ela, nem pra mim. Eu não me sinto bem, nem ela. Foram momentos em que o meu pior apareceu e eu não gostei disso. Então, por quê?" Naturalmente, cheguei à conclusão de que eu brigava porque sentia medo de perde-la; porque eu era inseguro. Daí, sendo eu o medroso e inseguro, pensei: "Não é justo que eu brigue com ela. O certo é que eu aprenda a lidar com o meus sentimentos e, quem sabe, até receber a ajuda dela. As pessoas que se gostam não fazem dessa forma? Uma ajuda a outra quando alguém tem dificuldades emocionais? Sim. É desta forma que as pessoas que se gostam fazem ou, pelo menos, deveriam fazer." Com os pensamentos se acertando, consegui confabular comigo mesmo umas estratégias e torci para que funcionassem. Eu não podia perder a cabeça; teria que ser forte e controlado.

Dias depois, fui ao encontro dela, com expectativa e medo. No primeiro encontro, felizmente, nada aconteceu. Passaram-se mais alguns encontros e foram todos ótimos. Não houve situações que me levaram a sentir ciúmes. E era tão bom ficar de boa. Só fortalecia mais a "técnica" que eu torcia para que funcionasse quando fosse a hora de utilizá-la. Pouco tempo depois, obviamente, chegou o dia em que eu senti um forte ciúme. Era tudo ou nada para meu coração juvenil.

Estávamos na casa dela e - já não lembro o porquê - veio o ciúme. Contudo, comecei bem a "técnica" ao conseguir me segurar, não brigar e realizar a primeira parte: ser honesto e admitir. E assim foi: contei pra ela, quase envergonhado, que estava com ciúme e perguntei se fazia sentido aquilo. Ela disse que não. Que eu estava "viajando". Perfeito! Primeira parte deu certo: era tudo da minha cabeça. E se o ciúme era meu, se era coisa da minha cabeça, a Princess não merecia que eu brigasse com ela! Porém... havia a segunda parte: conseguir acabar com o sentimento de ciúme e insegurança. Apagar o incêndio. Como eu não consegui – já previa isso -, fui para a terceira parte da técnica: ir embora. Expliquei que, por mais que não fosse legal sentir aquilo, por mais que não fosse real o que eu pensava, não queria brigar com ela e, para isso, precisava esfriar a cabeça. Que a solução era ir embora, apaziguar o sentimento e voltar depois quando eu estivesse normal. Ela tentou me demover da ideia, mas insisti que era melhor ir, pois eu não sabia até quando conseguiria segurar e até onde aquele sentimento poderia me levar. E assim o fiz.

Maaaas... antes de ir, usei a quarta da parte da técnica - a mais interessante em minha opinião - que era dizer: "Olha, eu vou dar uma volta, esfriar a cabeça, pois não quero atuar nesse sentimento e acabar não sendo legal com você. Daqui a um tempo eu volto. Só não esquece de uma coisa, tá? Eu te amo". Falar que ama a pessoa quando sentimos raiva, insegurança, medo ou impaciência é uma boa forma de equilibrar a saúde emocional em uma relação. Enfim, achei que a "técnica" tinha dado certa, bati a porta e me fui. Caminhei pelo corredor e apertei o botão do elevador para descer o prédio. De repente, aconteceu algo que eu não previa: ela abriu a porta do apartamento e, de lá, me olhou e perguntou:

Princess – Ah... você vai embora mesmo?

Eu – Pôxa... Infelizmente, tenho que ir.

Princess – Deixa de bobagem. Não precisa ser assim.

Eu - Não é certo brigar com você por algo que a minha insegurança e meu medo estão criando.

Princess – É verdade. Mas você não me ama?

Eu – Amo.

Princess – Então volta.

Daí, eu pensei, pensei e pensei. E respondi:

Eu – Ah! Então tá!

E voltei quase pulando, todo feliz, pros braços da minha amada.

Percebi que ela gostou da minha atitude também e nunca mais brigamos por causa de ciúme. Todas as vezes era a mesma coisa. E quando ela sentiu ciúme, nós procedemos da mesma forma. Era muito bom quando a gente decidia "voltar do elevador". Dava uma alegria ver que não brigamos e nos abraçar no final.

Durante o namoro todo, só houve umas duas vezes pra cada um em que realmente tivemos que ir embora, porque sentimos muito ciúmes. Neste sentido, acabamos tendo um relacionamento calmo e respeitoso, o qual lembro com grande carinho. Foi com essa técnica que aprimorei outra - acabei vendo até um estudo sobre o assunto – que me fazia raramente entrar em conflito com uma namorada. A técnica consistia apenas num pensamento: "Eu posso estar errado." O que me levou a dialogar, compreender e aceitar muito mais as questões dos relacionamentos. Porém, essa é outra história.

Fico na torcida de que minha próxima namorada aprenda também "a técnica para não brigar por causa de ciúme" e espero que ela seja útil para algum(a) leitor(a).

Rodrigo Daudt

Sou psicanalista e terapeuta de casal. Trabalho há 20 anos com relacionamentos e fiz cursos complementares na área. Fui o criador do site "Dr. Daudt explica para as mulheres como os homens funcionam" (inativo), sendo assim, cumpre informar que também atendo individualmente pessoas com questões em seus relacionamentos.

Quanto à terapia conjunta, através de uma investigação com os parceiros, serei o advogado de defesa do casal em busca de promover e/ou resgatar um relacionamento saudável e renovado para ambas as partes.

Lembrando que a Terapia de Casal não é só para casais que estão em crise, mas também para os parceiros que precisam de uma manutenção na relação ou resolver problemas pontuais que não estão sabendo lidar, afinal, muitas vezes, é importante trabalhar uma questão no início para que ela não se torne pesada e complicada futuramente.

Atendimento presencial e online

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