Vamos falar sobre disfunções sexuais? Como lidar, em casal? - Terapeuta de Casal
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Vamos falar sobre disfunções sexuais? Como lidar, em casal?

Vamos falar sobre disfunções sexuais? Como lidar, em casal?

Por Simone Basílio dos Santos - CBO 2515-50 – RNTP: 4371032

Pode-se dizer, em linhas gerais, que uma disfunção sexual representa uma desordem – orgânica, psicogênica* ou mista (na maioria dos casos) – que dificulta ou até mesmo impede uma resposta sexual satisfatória. Pode ser caracterizada de acordo com o seu início (primária ou adquirida), o contexto que a deflagra (generalizada ou situacional) e com os seus fatores etiológicos** (psicológicos ou combinados). É capaz de afetar o desejo, a excitação e/ou o orgasmo e, consequentemente, pode configurar-se como um problema para a maioria dos casais.

Atualmente, as disfunções sexuais correspondem a alguns dos principais motivos de procura pelo auxílio de profissionais da saúde – inclusive, psicoterapeutas –, na intenção de solucionar ou minimizar situações potencialmente comprometedoras para muitas pessoas sexualmente ativas.

Sabendo que uma relação sexual verdadeiramente satisfatória vai além dos fatores fisiológicos, perpassando os psicológicos, quando uma ou mais partes envolvidas apresenta(m) algum tipo de disfunção sexual, é importante que sejam levados em conta não apenas os aspectos clínicos, em nível médico (anatomia, hormônios, fisiologia e estado geral de saúde), mas também os aspectos cognitivos/mentais (psíquicos) das pessoas, tais como possíveis deficiências na comunicação do casal (trisal etc.), seus estados de humor, além de suas inibições/proibições religiosas e culturais, entre outras.

Deste modo, torna-se clara a importância das psicoterapias como ferramentas complementares à farmacoterapia, sob uma abordagem colaborativa, visando aumentar as chances de uma solução eficaz ser alcançada pelo(s) analisando(s), através de um olhar holístico, sob o qual ele(s) necessita(m) ser(em) visto(s).

Também a Educação Sexual, enquanto disciplina escolar, pode ser instrumento eficaz para uma adequada maturação da sexualidade de meninos/homens e meninas/mulheres. Através dela, se pode ensinar crianças, jovens e até mesmo adultos – a partir da idade e da metodologia apropriada para cada parcela do público-alvo – a se protegerem e a terem autonomia sobre seus corpos. Isto, sem dúvida, já representa um enorme ganho em termos de autoestima e autoconfiança para a vivência de relações mais profícuas. Vale ressaltar, no entanto, que não se trata, aqui, daquela educação sexual entendida pelos falsos moralistas de plantão, à base de "kit gay" ou afins, mas da verdadeira educação sexual, aquela que trata a díade sexo/sexualidade de forma natural, informando corretamente, cientificamente, e também considerando a diversidade humana.

Sendo assim, é preciso entender que o ato de falar sobre sentimentos, sensações e cuidados deve ser incentivado de maneira cuidadosa, responsável e madura, para que se possa diminuir/prevenir inquietações, acanhamentos e fragilidades nas pessoas. Desta forma, todos poderão lidar com o sexo e a sexualidade de maneira mais proveitosa e satisfatória, o que colaboraria, então, para relacionamentos conjugais e famílias menos disfuncionais e, portanto, mais saudáveis.

Por fim, a abordagem das disfunções sexuais se torna uma iniciativa bastante relevante para as sociedades atuais, não apenas porque, hoje em dia, homens e mulheres têm mais facilidade de acesso a informações sobre o assunto, o que certamente pode auxiliá-los na solução deste tipo de problema, mas também porque as pessoas devem perder o medo e o pudor de encararem seu desejo e sua necessidade de viverem relacionamentos mais prazerosos, sendo e permitindo-se buscar por parceiros(as) mais saudáveis. Isto lhes garantirá a experiência de viverem relações sexuais mais satisfatórias e seguras, o que lhes favorecerá o exercício do direito universal a gozos com cada vez mais qualidade.

NOTAS:

*Relativa a fenômenos somáticos com origem psíquica;

**De causa e origem.