Vulnerabilidade a dois - Terapeuta de Casal
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Vulnerabilidade a dois

Vulnerabilidade a dois

por Aluízio Andrade - CRP 05/56711

Qual o maior desejo humano? Muitos desejos existem e muitos se repetem no ser humano. Desbravar lugares, sentir liberdade, fazer conexões reais. É difícil de indicarmos com precisão qual seria este maior desejo, mas ser amado, confirmado, admirado, reconhecido do seu jeito único provavelmente está na lista dos maiores desejos humanos.

E cada pessoa vai buscar isso em diferentes áreas da vida. Pode ser um baita profissional de destaque para receber atenção de seus pares, companheiros, ou até dos concorrentes. Pode ser numa vida recheada de amigos por perto. Pode ser cultivando laços familiares muito próximos até com aquele primo de terceiro grau. E pode ser tudo isso junto.

No entanto, essa busca por ser amado encontra na relação amorosa sua principal manifestação, na maioria das vezes. Não é a única forma, nem a principal, mas provavelmente a forma em que isso fica mais claro. Mesmo que a pessoa se sinta amada em outras diferentes relações, pode ainda buscar se sentir amado numa relação amorosa ou em mais de uma relação amorosa, que pode ser a três, quatro ou mais.

E quando a pessoa chega à relação amorosa há o encontro com o verdadeiro amor, a verdadeira admiração. A pessoa é amada do jeito que ela é. E não sei se existe coisa melhor nessa vida que ser amado do jeito que se é. No entanto, esse amor incondicional dura até a página dois...

Por mais que haja pontos comuns importantes, as pessoas são diferentes mesmo nas coisas iguais. Durante o convívio, há certo estranhamento diante das diferenças. Afinal, uma das pessoas pode preferir colocar o arroz por cima do feijão e a outra preferir colocar o feijão por cima do arroz. Esse estranhamento, essas diferenças podem se tornar inconvenientes em alguns momentos do convívio, pois nem sempre o casal consegue conviver bem com estas diferenças.

Esse olhar que o outro coloca em você pode perceber coisas em você que você nem sequer tinha se dado conta que eram parte de sua personalidade. Em alguns momentos, podem ficar visíveis coisas que você não se orgulha tanto assim ou mesmo coisas que são muito difíceis de reconhecer. Este olhar do outro pode descobrir vulnerabilidades em você.

E aqui você entra num certo conflito. Ser quem você é demonstra suas vulnerabilidades. E será que o outro ainda vai te amar, se você se mostrar vulnerável?

Neste caminho, muitas pessoas optam por disfarces, esconderijos da personalidade, sofrimentos silenciosos ou mesmo certa submissão. Muitas pessoas optam por ser aquilo que imaginam que o outro quer que sejam. Outras optam por esconder seus defeitos, coisas de que se envergonham.

As pessoas entram nas relações amorosas entendendo que podem ser quem verdadeiramente são, mas diante dos desafios da convivência acabam optando por se defender do outro. Para isso, evitam um contato genuíno com este que lhe devia amar pelo que você é. No entanto, você esconde quem você é. Que contradição!

De onde será que vem esta ideia de que o outro só poderá amar você se você for uma pessoa perfeita? Não seriam as vulnerabilidades humanas que nos fazem únicos e principalmente humanos?

Todos nós invariavelmente temos nossos vazios, nossas questões existenciais, nossas vulnerabilidades. Elas fazem parte de nossa história e você é quem você é, inclusive com suas vulnerabilidades. Saber dessas vulnerabilidades e poder trocar em casal sobre elas pode permitir uma conexão real para as parcerias. Imagine que você não tenha que esconder o choro ao chegar em casa apenas para se mostrar uma pessoa forte pelo casal? Ou ainda, imagine a liberdade em dizer que não gosta de algo, mesmo que isso signifique não ser mais aquela imagem de perfeição da família? Passamos muito tempo sustentando coisas que nos aprisionam e destroem a nós e a nossas relações.

Nem toda vulnerabilidade tem que ser compartilhada. Aqui o espaço é de poder ser. Vulnerabilidades podem ser compartilhadas com quem você quiser, se você quiser. No entanto, é preciso identificar se você pode sustentar o lugar de vulnerabilidade de vez em quando.

Aluízio Andrade

Psicólogo clínico, gestalt terapeuta, terapeuta sexual e terapeuta individual, de casais e família.

Auxilio a pessoa a identificar sua forma de se relacionar consigo, com seus desejos e com os outros, para fazer escolhas que lhe façam bem.

Na terapia individual, atuo com demandas de relacionamentos, autoestima, sexualidade e monogamia/não monogamia.

Na terapia de casal e família, atuo com demandas de sexualidade e conflitos a fim de promover uma vida mais autêntica e saudável.

Atendo em português e espanhol.